quarta-feira, 17 de outubro de 2012


'Vou largar a carreira para ser MC Amendoim', brinca Zezé de 'Avenida'

Cacau Protásio se emociona ao falar sobre o sucesso de sua personagem: 'Quando você olha para trás e vê que está dando certo é muito bom!'

Juliana Masellido EGO no Rio
Cacau Protásio, a Zezé de 'Avenida Brasil', posa para o EGO (Foto: Marcos Serra Lima/EGO)Cacau Protásio, a Zezé de 'Avenida Brasil', posa para o EGO (Foto: Marcos Serra Lima/EGO)
Zezé, a empregada fofoqueira de "Avenida Brasil", começou mansinha e sem muito destaque, mas, aos poucos, Cacau Protásio, a intérprete da personagem, virou o jogo e a transformou em um verdadeiro sucesso entre os fãs da novela. Faltando dois dias para o fim da trama que parou o Brasil, a atriz comemora a repercussão positiva de seu trabalho e se emociona ao relembrar sua trajetória.
"Está sendo tudo maravilhoso. O sucesso da Zezé é uma realização. Quando você para, olha para trás e vê que está dando certo é muito bom", declara Cacau, com os olhos cheios d'água. "Me perguntam quando a Zezé aconteceu, mas eu não sei em que momento houve essa virada. Só sei que é mágico! É muito legal ver as pessoas comentando seu trabalho. É uma escada que você vai subindo e não quer descer nunca mais. Peço a Deus que essa boa fase continue", completa.
O crescimento de Zezé começou depois que a empregada passou a se envolver nas confusões de Carminha, vivida por Adriana Esteves, mas a alavancada aconteceu mesmo no fim da trama, quando foi ao ar uma cena em que a empregada aparecia limpando a casa cantando uma paródia da música do grupo Aviões do Forró, "Correndo atrás de mim". O vídeo "Eu quero ver tu me chamar de amendoim" bombou na web.
"Virou um hit, né? Me disseram que está tocando até em boate (risos). A música foi uma brincadeira interna, porque a equipe me chamava de Amendoim, e acabou dando supercerto. A gente não imaginava que fosse dar tanta repercussão. Vou largar a carreira de atriz para ser a MC Amendoim. Já tenho empresária, banda...", diverte-se.
Anos de batalha
Com 15 anos de profissão e muitas peças no currículo, Cacau conta que "Avenida Brasil" é sua segunda novela. A primeira foi "Ti-Ti-Ti", onde ela fazia uma babá. Antes, ela só tinha feito participações na TV.
"Eu fazia faculdade de pedagogia e pensei: 'o que estou fazendo aqui?' Aí resolvi fazer teatro e me encontrei. Minha primeira aula foi traumatizante: tive dificuldade de falar, de conversar com as pessoas... Saí de lá chorando e falei que nunca mais voltava. Passei uma semana longe, mas retomei as aulas e nunca me arrependi. Já tive outros momentos difíceis, mas nunca mais larguei, tinha certeza que era isso que eu queria e hoje estamos aí", relembra.
Cacau Protásio, a Zezé de 'Avenida Brasil', posa para o EGO (Foto: Marcos Serra Lima/EGO)A atriz está felicíssima com o sucesso
(Foto: Marcos Serra Lima/EGO)
Por causa de seus trabalhos anteriores, a atriz nem precisou fazer teste para conseguir o papel de Zezé. Ela foi convidada pelo produtor de elenco Luciano Rabelo.
"Graças a Deus nunca fiz teste na vida. E espero nunca ter que fazer (risos). Quando me convidaram, me disseram que era uma empregada intrigueira e fofoqueira, mas não imaginava que seria esse sucesso todo. Cheguei devagar, mansa e pensei: 'Vou fazer de um limão uma limonada'. A Claudia Missura (Janaína) e a Adriana Esteves são muito generosas e me ajudaram muito. O Marcello (Novaes) é um amor. Eu falo que quero namorar com ele. Disse para ele essa semana que eu vou entregar meu currículo para ver se eu tenho chance. Tô tentando! Tô na fila do Marcelo(risos)", revela.
Questionada sobre as dificuldades profissionais que disse ter passado, ela desabafou sobre estereótipos e elogiou a equipe de "Avenida Brasil". "Não sou linda, não sou Globeleza. Eu sou GG, grande e gorda. Sou negra. Já ouvi o seguinte de um professor: 'Nunca espere sucesso na sua profissão. Espere que você um dia trabalhe, faça um trabalho digno e pronto'. Hoje, com a Zezé, eu vejo que posso sim! Mesmo não sendo linda, não sendo magra, não tendo o estereótipo que o mundo exige, a gente consegue fazer sucesso. Graças a Deus isso está melhorando muito. Normalmente os melhores papéis estão reservados para as bonitas. Em "Avenida Brasil", estão divididos entre os mais competentes. Estão abrindo espaço para as feias... Estamos aí!", brinca.
Em relação a racismo - tema em que foi envolvida na semana passada depois que um perfil fake seu postou no Twitter que havia sido vítima de preconceito no trânsito -, ela minimizou: "Racismo existe, é visível. Todo mundo sabe, todo mundo vê. Mas, na verdade, o que existe mesmo é o preconceito de todos os tipos. Se eu já passei? Já. Mas eu me faço de cega, simplesmente vou embora. Se a pessoa não quer gostar da minha cor e da minha raça, ela tem pelo menos que me respeitar como ser humano. Não tenho problema com isso, nunca sofri. Isso ocorre muito em loja. O segurança segue, anda atrás... Mas agora isso mudou. Eu podia ser uma cleptomaníaca e ninguém ia me seguir porque eu sou a Zezé. É uma coisa louca. Tratam ator como se fosse Deus, por isso que alguns atores viram bichos", critica.
Cacau Protásio, a Zezé de 'Avenida Brasil', posa para o EGO (Foto: Marcos Serra Lima/EGO)Cacau ensaia peça com colegas de elenco
(Foto: Marcos Serra Lima/EGO)
Nada de férias
Apesar de estar cansada por conta da rotina intensa de gravações de "Avenida Brasil", Cacau não vai ter descanso com o fim da novela. Desde sábado, 13, ela está em cartaz com a peça "Domésticas", no Teatro Sesi, no Centro do Rio, onde recebeu a equipe do EGO para fazer fotos nos bastidores.
"A novela foi muito cansativa, mas estou em um momento muito bom, de realização... Vou deixar para descansar só em dezembro e no começo de janeiro, quando acaba a temporada da peça, que fica em cartaz até o dia 24 de novembro e viaja no dia 25 para o Fita (Festival Internacional de Teatro de Angra). Necessito de uns dias de férias. Na peça, também interpreto uma empregada, mas é uma coisa totalmente diferente. 'Domésticas' é um documentário cênico, com depoimentos reais, e a Zezé era uma personagem. Aqui falamos de sentimentos. Não tenho medo de criar um padrão para mim, mas quero que as pessoas venham ao teatro sem querer ver a Zezé", explica.
Serviço: "Domésticas" - Teatro Sesi (Av. Graça Aranha, 1 - Centro), de quinta-feira à sábado, às 19h30

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